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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O vinho velho e a garrafa nova

Ainda não aprendi a colocar vinho velho em garrafa nova
Pois sempre espero a surpresa da próxima prova
Pra onde vai aquele vinho único depois que é bebido?
Onde foram parar os suspiros que me roubaste por debaixo do vestido?
Tampouco tenho certeza de que tudo corra para o fim
Afinal o final e o começo sempre se cortam  dentro de mim
Voltando à garrafa, qual delas hei de abrir?
Como escolher uma safra, sem saber o que amanhã eu vou sentir
Não consigo atribuir notas, nem descrever sua estrutura e aroma
Frutas maduras em compota?
Ou o rubi intenso das chamas de Roma?
Só sei que cada vez que te bebo acordo com mais sede
Não sei qual é sua casta, onde fica sua vinha ou se meu vento ainda balança sua rede
Sei que quando te bebo fico livre, saio da minha garrafa e respiro
Mas nunca vou saber qual das suas encostas eu prefiro
A que me colhe ou a que me planta?
A que me molha ou a que me canta?
Por hoje é fim, pois estou com o nariz bêbado e a língua cansada
Mas amanhã quem sabe não descobres em mim uma nova camada



2 comentários:

Alain Gouste disse...

coisa linda... sou fã da sua escrita.
não tenho nariz em pé, mas procuro manter sempre a taça erguida.
saudações enófilas,
Alain G

praquemnaotemnarizempe disse...

Alain G,

A recíproca é verdadeira!:)
Viva essa troca de aromas e sabores, com "mucho" humor !
Seu blog é viagem sem sair do lugar,é aquele vinho que se compra na cega ja sabendo que vai fazer bem a alma!


Pierre A