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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Gringo Café

Localizado na sala principal da casa de Tom e Vinicius ( barão da torre e Vinícius de Moraes) mora o Gringo café - um diner nota 10 criado pelo californiano Samuel Flowers .
Seu Flowers ( ja carioquíssimo) veio ao Rio em 2004, encantado pelo gingado da cidade maravilhosa, decidiu abrir a casa. Tudo bem cuidado: da musica Americana dos 60 & 70's que rola na vitrola do iPod, a decoração e otimo atendimento .
Da cozinha saem clássicos das comidinhas da terra do Tio Sam( muffins,brownies,burgers,cheesecakes,macaroni and cheese etc ) tudo bem bom, comandado pela chef carioca Carol Caselli e seus sub-chefs - Marcela Almeida ( a da foto) e André Andrade.



O Cheesecake é de deixar no chinelo os feitos la na matriz do norte!
Gringo Cafe é o voo mais curto entre Rio e LA , detalhe: sem precisar fazer check in !



p.s só faltou o bagle!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A rabanada do Garcia

 A rabanada do Garcia

A rabanada do Garcia & Rodrigues ja é um Clássico, dia 24 de dezembro os trenós do Rio de janeiro inteiro estacionam na frente do estabelecimento, e tem papai  noel colocando luva de boxe pra disputar nem que seja umazinha a saída  de cada fornada .
O Chef Christophe Lidy acertou a mão e onatal carioca agradece ! 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Chico & Alaide

Chico & Alaide, é a versão carioca de Romeu & Julieta, uma paixão conservada no tempero e no fogão, com o coração na ponta da frigideira.
Chico é maratonista, Alaide porta bandeira , eram Pelé e Garrincha do Bracarense, quando tiveram a brilhante ideia de jogar em campo próprio.
Chico e Alaide é o luxo do simples, um boteco de grife, lugar ideal pra quem não agenta mais os “Mc botecos” do rio como: Informal, Conversa Fiada,Belmonte, entre outros.
Os bolinhos de Alaide foram criados pra colocar uma pedrinha no sapato de chefs granfinos como Troigois , coisa fina, o de abóbora com carne seca ( meu preferido) é uma joia rara, bolinho de tutu ,bolinho de abóbora com camarão e catupiry e por ai vai... O camarão na moranguinha também é delirante .
O chopp geladaço é bom, mas com o requinte da cozinha de Alaide é um pecado não ter um espumante brazuca e alguns brancos "high class" pra swingar com a "catiguria"  do casal!


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Onde a loira mora e a gente namora !



Onde a loira mora e a gente namora


No coração no jardim botânico é onde moram as loiras mais gostosas do Rio de janeiro.
Gibeer é um boteco de cervejas da mais alta categoria, loiras de todo o planeta te esperam por la, ambiente cool ou zaganan como dizem os franceses, tudo cuidado com muito carinho e apreço pelo gente boníssima fiel proprietário, Sir Jeff, que fica atrás do balcão comandando o desfile das popozudas.
Um sitio pra chegar e ficar, deixar o tempo passar e a gelada molhar a garganta.

Comidinhas de fazer qualquer cidadão perder a compostura e cair pra dentro.
Tem loiras pra todo gosto, magrinhas ( drafts) ou encorpadas ( belgas e alemãs ) . Na seleção encontramos as “optimas” tugas : Super bock e a Sagres, as alemas Erdinger
e Paulaner , da Argentina Quilmes a belga Leffe, se o assunto é cerva, prepara o corpinho e se joga no Gibeer, que fica localizado na Lopes Quintas 158, quase na esquina de jardim botânico.




p.s Dadi no Gibeer : onde o melhor músico
do planeta e as melhores loiras se encontram!





segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Comida de Anjo







Fomos convidados  pra jantar na casa do talentoso  Chef Gabriel Carvalho e sua querida esposa Patrícia, a comida do anjo Gabriel  é pura poesia, o post não poderia ser outro!



Tomates cortados deitados em corpo de pão doce
salmão defumado sob a nova e bela mesa
vinhos bem vindos das viagens que ele trouxe
e da cozinha cada hora uma surpresa
uma lagosta tão saborosa como se fosse
uma receita com ingredientes de sua beleza
o amor na sua forma mais natural
uma cachoeira pra fugir do carnaval

a noite começou com um espumante
borbulhando quilates de alegria
um branco de marejar amantes
e um tinto à medida que a noite caia
outro tinto mais precioso que um diamante
Pra brindar a vida com a vida que a terra cria
sua cozinha uma escola de aromas
oferecendo à minha língua seus incontáveis idiomas


Entre cores e sabores
o perfume do limão siciliano
degustando os seus amores
em mesa farta de fim de ano
de sua cozinha saem flores
jardim comestível entre sagrado e profano
ao final com os olhos já enxergando várias camadas
um pavê de bacuri fechando em ouro nossa jornada








Adega boa é adega aberta, garrafa boa é garrafa vazia! :)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sushi Leblon – Sake X Vinho Verde



Se as meninas do Leblon não olham mais pra mim, eu uso óculos! ...só um míope com a consulta atrasada no oftamologista não enxerga o Sushi Leblon quando o assunto é peixe cru no Rio de Janeiro. Ontem fomos conferir o badalado restaurante que bomba no coração gastronômico da Dias Ferreira. A alta cozinha das tapas nipônicas.
Pedalando pelas montanhas do Rio, no meio da Mata Atlântica, conheci Carolina (não a musa do parceiro Seu Jorge), uma das simpáticas sócias do Sushi Leblon, e prometi a ela dar uma “caneteada” no estabelecimento pro praquemnaotemnarizempe.



Já tinha em mente pedir as “tapas” de lá, swingando com um vinho verde do Minho, mas ainda daria a última chance ao sake. Havia um verde na carta do SL: o básico e bom Alvarinho Deu La Deu – e fomos nele! Quando a brincadeira começou, de cara já deu pra ver que com o “Deu La Deu”, ia ficar difícil pro sake, bebida boa, mas que eu beberia solo antes da festa, como se bebe um espumante antes de começar os trabalhos. O sake aberto foi o japa Gekkeikan, seco, honesto e bom. O vinho verde, de saída, deixou a bebida do samurai no chinelo! ...de palha é claro. Vai uma sugestão: adiciona na carta do SL dois verdes seríssimos? Oba! Palácio da Brejoeira e Muros de Melgaço – respectivamente Pelé e Euzébio dos verdes.

Antes de chegar ao SL, havíamos ido ver no Tom Jobim a Orkestra Rumpilezz do caboclo mestre baiano Letieres Leite. Composta por vinte músicos (15 metais e 5 percussas), Rumpilezz é a coisa mais original da música brasileira desde João Gilberto – fazendo uma analogia, seria a sensação similar de morder pela primeira vez uma fatia de torô em Tsukiji, mercado do peixe de Tokyo.
Ainda extasiados com os aprontos de Letieres e sua trupe, eu, LM e o simpaticíssimo e talentoso casal de amigos novaiorquinos Lucy Knaus e Michael Kiaer – ela, produtora de moda da pesada, ele, baixista do concorrido Nublu, disputado inferninho cult do East Village – chegamos ao SL e pedi a um jovem (gente boníssima e carioquíssimo) garçom chamado Bruno pra ir trazendo os quitutes pra mesa pouco a pouco. Com o Alvarinho aberto, chegou o já clássico tartar de atum gordo pra dar as boas vindas, ou melhor, as ótimas vindas: servido com ovas de capelim e gema de ovo caipira no topo do fuji, tudo cuidadosamente misturado na hora ao peixe e ao wasabi pelo garçom. O tal tartar – que não é e nem lembra o pouco talento de Tarta, o atacante do tricolor carioca – é mesmo muito bom!

Na sequência, foi chegando o resto do povo: spicy tuna, sashimi de salmão com raspas de limão siciliano, azeite e flor de sal, salmão special crunch (a ideia dos flocos de arroz é muito boa), sushi de fois gras , pros veganos entenderem, seria uma espécie do graal do peanut butter (fica ai então a sugestão de uma versão veggie : sushi de peanut butter!), carpaccio de namorado com pimenta biquinho... até chegar a estrela da noite: sushi de peixe manteiga, fazendo dupla com sushi de ovo de codorna estrelado, tudo finalizado com um toque perfeito de azeite trufado. Aí, meu caro amigo, é de enlouquecer o mais contido ser humano da face da terra. Manja aquele bancário do Banco do Brasil super “bem humorado” que passa o dia autenticando conta? 


Se provar isso, não volta nunca mais pro BB. Naquela hora, eu queria estar num tatame pra comer de joelhos e agradecer muito ao Grande Buda de Kamakura.

Vou voltar ao SL com LM qualquer hora dessas, pouco antes do sunset, levando um Muros de Melgaço debaixo do braço, só pra comer o sushi de peixe manteiga e ovo de codorna no balcão, batendo bapo com o time de craques nordestinos – mostly cearenses - que comandam o cardume.
Sushi Leblon c'est tres bon, como diria o amigo Alain Gouste!

P.S: Entre os notáveis da noite do SL, estava lá o vascaíno governador do Rio Sergio Cabral (não me contive e exclamei quando passou por nossa mesa: Vascoooo!!! – sendo imediatamente retribuído calorosamente pelo cruzmaltino.

P.S 2: Yan Braz, você é o cara!

P.S 3: Ontem foi niver de Paulinho da Viola! Parabéns ao mestre!









Dicas:
O Alvarinho Deu la deu pode ser encontrado no supermercado Mundial num precinho bem amigável. Aliás, corra pra garantir tbm no Mundial uma ampola do otemo Vinha longa reserva Alentejano por 17 pratas .

Vale a conferida no site da Lucy : www.lucyknaus.com
Se for ao Sushi Leblon, se programe pra chegar as 7 da noite, pois depois, vai ter que ficar batendo papo com a bela top model hostess de lá por pelo menos uma hora – o que também não é nada mal! Mas não foi nosso caso, que pena!!!! :)  já que carinhosamente e excepcionalmente, Carolina havia feito uma reserva pro praquemnaotemnarizempe .

sábado, 6 de novembro de 2010

Petit – O polvo carioca do Le vin



O melhor polvo do planeta não é nem foi o vidente alemão da bola Paul: ele mora aqui pertinho de nós. Tão carioca quanto Tom e Vinicius, o Polvo a Lagareiro do Le Vin é coisa séria, de deixar no chinelo as charmosas tascas alfacinhas. Há algum tempo, Alain Gouste me falou do “gajo”, e ontem resolvi voltar pra conferir o bicho.
Le Vin é um simpático restaurante no coração de Ipanema, comandado pelo Chef Marcílio - uma casa mostarda, com arcos coloniais na entrada, mesinhas no salão principal e na varanda, toalhas de mesa quadriculadas em azul e branco e uma bela adega para 2 mil garrafas, acomodada em um dos quartos da casa.



O Sommelier Marcio (uma simpatia de pessoa) nos convidou a entrar na adega. Pra fazer jus ao nome, rótulos interessantes do velho e do novo mundo, incluindo, é claro, uma boa seleção de franceses. Como já sabia que iríamos de polvo, resolvi fazer uma brincadeira com duas castas francesas que eram coadjuvantes no seu país natal, e que chegaram por acidente na América do sul: Carmenére e Malbec, que logo se tornaram protagonistas por aqui - uma no Chile (Carménere), a outra na Argentina (Malbec). Começamos com o já conhecido chileno Don Martino Legado 2007, um vinho simples, mas cheio de swing
e pimenta no quadril, bebemos a ampola com uma tábua de queijos – Cabra, Roquefort, Brie – e o clássico pão criado nas categorias de base da cozinha do Le Vin: um pão divino que vem com manteiga e um paté de fígado de galinha.

Quando chegou a nossa estrela, que carinhosamente apelidamos de “Petit”, abrimos a segunda ampola – um Malbec Pascual Toso reserve 2008 - sugestão do querido Márcio. A harmonia ganhou nota 10, o vinho é tão bom quanto um tango de gardel ou uma trilha de Gustavo Santaolalla, e o polvo “Petit” do Le Vin é o novo "menino do rio".


P.S: Pra quem não se lembra, Petit era o nome do muso da praia de Ipanema pra quem Caetano Veloso compôs “Menino do Rio”.

domingo, 24 de outubro de 2010

Álvaro, Matilda e Vinícius – um triângulo amoroso

Álvaro, Matilda e Vinícius – um triângulo amoroso



O mais legal do rio gastronômico é conseguir manter ainda alguns de seus clássicos, que já deveriam ter sido tombados . Ontem, convidados pelo amigo botafoguense Vinícius Cantuária, fomos conferir um deles: Alvaro's no Leblon.
Na entrada, uma porta de madeira com letreiro dourado em letra cursiva e um moço pra guardar o carro – sem a cara daqueles bonecos de Vallet Park, tampouco dos indesejáveis flanelinhas. Entrando, vários garçons vestidos com ternos brancos e abas coloridas – cada garçon com uma cor – e um desejo nos olhos de cada um deles de ter Cantuária e seus convidados (eu e LM) na mesa de sua praça (reza a lenda que o cliente alvinegro é bom de gorjeta).

Sentamos logo na mesa da entrada à direita, num cantinho bem agradável. Foi só sentar pro caboclo da “Lua e Estrela” pedir uma porção dos inigualáveis pastéis sortidos do Álvaros e começar a bater um dedo de prosa, como diz o professor Armando de Olhos D'água. Vinícius, além de grande cantor, compositor e instrumentista (que vai do jazz à MPB e o pop, com a desenvoltura de Nilton Santos nos velhos tempos com a camisa da estrela solitária ) é das figuras mais engraçadas da Guanabara – falante, mas em tom “bossanovístico”, tem um humor peculiar, a ironia escondida debaixo de cada acorde diminuto. Os pastéis chegaram e Cantuária logo apontou pra uma mesa na esquerda falando baixinho: “Tá vendo aquela mesa ali? Há vinte anos sentei nela com Tom Jobim e Norminha e recebi o maior apoio do maestro pra arrumar as malas e me mudar pra NY. Tom disse: Vinícius, vá! Começa lá como der, que vai dar tudo certo pra você, o Brasil é uma merda mas é bom, Estados Unidos é bom, mas é uma merda. Depois vem aqui só pra rever os amigos, ir ao Maracanã, à praia...mas antes de ir, me faz um favor, deixa a Norminha aqui comigo! (Norminha, a ex de Cantuária, é considerada por toda a classe de músicos cariocas, uma das mais belas mulheres que o Rio já viu). Vinícius seguiu o conselho de Tom e mora no Brooklyn (a Gávea de NY, segundo ele) há quase 20 anos e, contrariando o maestro, Norminha também foi e, apesar de não viverem mais juntos, continua morando no Brooklyn.

Os pastéis desapareceram e Vinícius logo pede um presunto de parma que eu já tava namorando, vendo ele atrás do balcão. Com uma apresentação tão apetitosa LM (que não come carne) não resistiu a dar uma beliscada. Pensei: “Hora de pedir o vinho!” O mais legal pra mim, é que sempre dá pra se virar, mesmo em casas como o Álvaros onde o forte não é a adega. Escolhi um vinho que achei que iria bater uma bola com o parma e o m.a.r.v.i.l.h.o.s.o filet batido que Vinícius havia pedido (e também pra dar nome a resenha que iria escrever!): “Garçon, traz o Matilda!
Matilda é velho conhecido, ou conhecida ! um vinho australiano, produzido pela casa Bremerton em Langhorne Greek perto de Adelaide, bem fácil de ser encontrado por aqui e bem fácil de beber, além de ser amigo do bolso– simples e robusto (um zagueirão do Rugby australiano), 14.5 % álcool, com aquele “gostim” na boca de framboesa e violeta, um corte de Shiraz 24 % , Cabernet Sauvignon 64% e de Merlot 12%. Gol! O filet estava “sensa”! O parma, um sonho, e os pastéis, pra tirar qualquer um do sério. Sem falar no papo com Vinícius, sempre diversão garantida.

O triângulo amoroso “Álvaro's, Matilda e Vinícius” é coisa de cinema!


P.S: no final ainda teve aquele pudim de leite (nota 10) e a goibada Cica de lata com catupiri – 3 colheres pra dividir.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

MARINA E O VINHO VERDE




Quando acabou a primeira garrafa, já sabia que Marina não iria pra segunda. Talvez porque ela é evangélica , talvez pelo pelo receio de voltar a beber
o vinho tinto, talvez por preferir ficar com a surpresa, do que se decepcionar com o resultado da prova .
Ah Marina. , 𝄫 Marina morena vc se pintou , você faca tudo, mas faça um favor 𝄫, pegue seu batom beterraba , beba seu açai na tigela, mas não fique em cima do muro na vinha, pois quem ta na UVA, é pra se molhar !
O vinho verde vem do Minho , norte de Portugal nos arredores de braga, a casta principal é o Alvarinho, Palácio da Brejoeira e Muros de Melgaço, de longe são meus preferidos. 
Voltando ou Marina, ou melhor, votando na Marina... imagino quantas vinhas de vinho verde, ela teria plantado no seu seringal se tivesse aceitado a taça do tinto que lhe ofereceram . Achei que ficou tipo: se eu não bebo você também não bebe ! Besteira né?!, pois agora estamos entre um tinto robusto e ainda pouco evoluído, e um branco sem personalidade , acho que Marina poderia ter adicionado aromas minerais e mais complexos ao branco, ou talvez acalmar os taninos e oferecer mais caminhos e frutas negras ( do Acre ) ao tinto .
O vinho verde não amadurece, e é ai que mora o perigo. Na próxima safra, eu vou direto pro tinto que tá entrando agora na garrafa,pois  em 4 anos vai estar no ponto!


Marina! , sobre aquela pergunta :
Tem 13 % de álcool e vai ganhar a prova cega, pois o branco é muito ácido e tem pouca consistência na boca .

domingo, 17 de outubro de 2010

Niepoort - O Ouro Tinto!


Na nossa segunda noite em Vila Real no Douro, Inês avisa: "Hoje vamos jantar na casa do Dirk!" ...eu pergunto: "Dirk da Niepoort?"
 Ela naturalmente responde que sim, e eu começo a ficar nervoso, pois era como estar saindo dos meus livros preferidos e dar de cara com os personagens!
NIEPOORT, é um dos maiores produtores de Porto de Portugal e  Dirk, o responsável pelos vinhos mais interessantes e pontuados de Portugal da última década. Um português com sotaque “tripeiro” (do Porto) e cara de holandês, com cabelos em cachos rosé e um daqueles sorrisos de garoto que ganhou a primeira bicicleta. Uma simpatia só! 
Sentamos numa mesa de madeira na varanda da casa, com vista pra um vale de videiras iluminadas por luz de lua. De repente começa a “malcriação de Dirk”: “ Luis? - Chama o amigo enólogo da NIEPOORT sentado a cabeceira da mesa – ainda temos o Charme 2002?" 
"Acho que sim", responde Luís, e logo chega a criança na mesa. Dirk abre a ampola com as mãos abaixo da mesa e despeja o ouro tinto líquido em um decanter. Enquanto esperávamos uns minutinhos, chega o Giro Sol – o verde “Alvarinho “ da casa, bem bom! - e o Projecto Pinot Noir 2003 - gostosinho mesmo - ambos impecáveis para um abre-alas. Depois serve o Charme 2002 e...boommm!!!!! Um vinho "pra se mastigar" – termo que ouvi de um taxista alfacinha – uma loucura que faria qualquer inglesa ter samba no pé, o Serra ter cabelos e carisma e o Carlinhos Itaberá (medíocre lateral do Fluminense dos anos 80) ter virado um craque. No meio do caminho ainda teve uma reserva especial de vinhas velhas, com um vinho chamado Dirk, que não chegou a ser comercializado - bebemos uma das 800 garrafas produzidas.
Depois, com o mesmo ritual, chega a boca o Redoma 2001 – outro absurdo.
Parecia  que estávamos sentados numa fazendo no interior de Minas Gerais, éramos 8 à mesa, além de nós (LM e eu), Ricardo e Inês, Dirk, Luís, um escritor australiano e um enólogo espanhol – os dois, assim como eu, se beliscando pra fazer acreditar que aquilo era real!
Lá pelas tantas, Dirk me pergunta: "Queres beber o quê?" Respondo: "Não me faça essa pergunta! Pra perguntas indecentes não tenho resposta!" 
"Ok, então vais à adega e escolha o que quiser!" Logo depois se corrige: "Humm...tenho 2 garrafas de Romanée Conti, melhor não!", sugerindo com um leve sorriso.
Na sequência, faz um sinal pro Luis. Pensei, "deve vir o Batuta" – outro craque da Niepoort – mas nem imaginava que a surpresa seria ainda mais interessante: fechando com chave de ouro, nos oferece um Niepoort Porto colheita 1959, mas antes, carinhosamente separa um cálice para oferecer a alguns estagiários que, àquela hora da noite, ainda trabalhavam na vindima.
Ao final da noite, quase uma da matina, um convite para uma visita aos lagares, que acabavam de receber as uvas da vindima. Depois das últimas provas do Porto Vintage 2008 e 2009 - ainda nas pipas - a noite acabava rubra de felicidade.





Fermentação nos lagares: um belo mapa mundi !


Pelos interiores da Niepoort!


Uma pipa de "Charme" , na mesma quinta onde é produzido o Porto da Niepoort .

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Alma Viva - Fênix 2 X 0 Mundo





33 mineiros , 3 times de futebol pra mexer com o coração de torcedores de todo o planeta, uma partida que durou 69 dias, sem juiz e com a torcida a 700 metros acima da cabeça de cada artilheiro.
Serviu pra mostrar que o jogo pode começar a ser ganho quando todo mundo acha que não dá mais, aos 44 do segundo tempo. Justamente quando as luzes do estádio se apagaram, que o time começou a jogar junto. Como deveria jogar qualquer time do mundo , dentro e fora de qualquer campo, a luz do dia. No escuro a vaidade bate na trave, o Egocentrismo murcha e não resiste a falta de luz e de espelho. Foi justamente na escuridão, que os 33 craques começaram a ensinar ao mundo, que pra ganhar o jogo, basta fé na ponta da chuteira.
Já não somos um time, somos um bando sem técnico, sem tática, sem patrocínio, sem juiz, que joga sem bola contra a própria meta. Comemorar ontem cada gol, como se fosse o gol da vitória do meu amado Vasco da Gama em um clássico contra o Flamengo, foi sensacional! e é justamente neste sentimento que os pernas de pau do mundo todo deveriam se pegar, guardar, ver e rever ao final de cada mês com a família toda reunida na sala, pois a nossa bola anda quadrada, andamos amando pouco ao próximo, a nós mesmo e sobretudo a terra, essa grande bola que a faz gente vibrar, que nos ensina o jogo a cada amanhecer e nós fingimos que esquecemos como se joga a cada por do sol .
Chi, Chi,Chi, Le, le, le ...Los mineros de Chile!!! cantei a plenos pulmões em pé em cima da cama, com uma piscina de lágrimas vazando dos olhos, fiz do Atacama o meu maracanã, do colchão a minha arquibancada e da TV o meu gol.
Na nossa mina tá sobrando cobre e faltando amor. Aquela coisa simples que nem precisa garimpar, que deveria estar na superfície e não na mina de cada um a 700 metros de profundidade, uma pedrinha preciosa que requer apenas uma leve lapidada a cada dia .
Sonho em ver um jogo mais justo, onde situação e oposição se respeitem , respeitem nosso país e seus 190 milhões de mineiros, que sejam honestos no íntimo de sua escuridão, que tragam a luz apenas o que realmente interessa, que exponham seus planos de jogo, seus uniformes e sobretudo seu amor a camisa verde e amarela, ontem vesti a camisa vermelha!
Vamos amar o Chile , amar a América do sul, amar a terra e seus mineiros , pois uma hora o vinho acaba. Vamos aproveitar a melhor safra de “ Alma Viva “ já produzida até hoje pelo Chile pro mundo, que foi bebida pela TV por todos, vamos aprender com esse porre de felicidade e brindar a vida!
Tim tim !

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Douro parte I - Casa da levada / Lavradores de feitoria










É importante amar o douro, tão importante quanto navegar...

Talvez o rio Tejo seja a fonte onde os poetas de língua portuguesa mais beberam, mas devo confessar que o maior índice de beleza por metro cúbico do planeta é sem dúvida o Douro. Uma criança que nasce na Espanha e vira gente grande em Portugal. Depois de conhecer o Douro ,”fica ruim” pra Bordeaux ,Borgogne, Toscana, Rioja, Mendoza etc. O impacto de conhecer o Douro, só se compara ao de ver Roma antiga pela primeira vez, um sítio que faz pedra amolecer e Pedros e Marias se embebedarem de paixão e vinho .
As canções moram dentro daquele rio, aos pés daqueles montes, a espera que alguém tenha a sorte de pesca-las .

Socalcos de pedras construídos ao final do séculos XIX por galegos, amparam suas encostas largas – habitat das mais nobres castas da terra - produzindo vinhos sui generis. Do porto aos tintos, o Douro é imbatível, apaixonante, irresistível! A beleza de Trás – os – Montes , só mesmo os olhos podem guardar , o vinho pode ser simples e complexo, leve e encorpado, raso ou profundo, fruto de seus micro climas e solos de xistos e granitos, subdivididos entre Baixo corgo, Cima corgo e Douro superior .
O Douro é único, como é o pandeirista nascido no morro da Mangueira, a voz e a mão direita de João Gilberto, a bola do Rei Pelé ou a caneta de Vinícius, José Régio e Fernando Pessoa .

Setembro passado, fomos convidados pelos amigos Ivan Dias e Manuel Vaz, a fazer o show de encerramento do Douro Film Harvest – o pitoresco festival de cinema realizado na época das vindimas entre Vila real, Sabrosa, Pinhão e Régua . Dividimos o palco com duas das mais importantes almas da música portuguesa : o patrimônio mundial do fado: Carlos do Carmo e a grande revelação do fado contemporâneo, a encantadora: Cuca Roseta, e ainda tivemos o prazer da companhia dos não menos talentosos: Ricardo Cruz – querido amigo, contrabaixista e produtor musical do talentoso alentejano de Beja, Antonio Zambujo – o virtuoso e divertido guitarrista Mario Pacheco – Guitarra portuguesa e proprietário do clube do fado de Alfama e a viola afinada e sutíl de Pedro pinhal .

Cantar aos pés do Douro, foi das experiências mais gratificantes da vida, ao lado de LM, cantar pela primeira vez ao vivo “Douro” - parceria com Marcio Faraco – foi mesmo “divinal” - como dizem os portugueses.


Depois do show fomos convidados pelo amigo Ricardo Cruz e sua queridíssima esposa Inês Albuquerque, a passar alguns dias na Casa da levada 


http://www.casadalevada.com/ – a quinta onde vivem parte do ano em Vila Real, que é aberta ao público através de confortáveis instalações com o propósito de explorar o turismo rural. Como só teríamos que ir pra Lisboa alguns dias mais tarde, aceitamos o convite e a partir daí entramos por debaixo da derme do Douro, das piscinas de granito do parque do Alvão, ao palácio de Mateus, passando pela charmosa tasca Chaxoila, até as visitas a todas as quintas e seus lagares , justamente aonde começa a morar o perigo bom! 
Quando chegamos a Casa da levada , fiz apenas uma pergunta : é problema pra vocês se eu morar aqui pra sempre ? :) uma quinta com várias casinhas do início do século e um casarão principal, o rio corgo – um riacho que hidrata os olhos e renova as lágrimas, corre por toda a quinta, parece que tudo foi cuidadosamente colocado com a ponta dos dedos pelo artista que criou esse belo cenário. Das belas árvores no caminho de entrada as delirantes camélias e eras que sobem as paredes da casa de chá, até a mesa do pequeno almoço no pátio do casarão. Como não falar dos olhos carinhosos e atentos de "Café" – um amável“tinto Cão” leão da rodésia – a Casa da Levada , tem definitivamente o meu ritmo, e sempre que for convidado, é pra lá que eu vou!





Na manhã seguinte, Inês e Ricardo nos levaram pra conhecer a Casa de Mateus http://www.casademateus.com – um castelo daqueles de historia de contos de fada ou de cantos de fado, com aqueles jardins que parecem ter sido feitos por cabeleireiros parisienses. Onde Inês viveu até os 19 anos de idade, isso mesmo, estávamos com a princesa do castelo!!! onde também fica parte da produção dos vinhos da família Albuquerque, que no ano 2000 fundaram a Lavradores de feitoria – uma cooperativa que reúne grandes produtores de vinhos da Região – a qual tivemos o prazer de conhecer junto a suas estrelas: Meruge,Quinta da mata de baixo,Grande escolha,3Bagos,Douro,Quinta da costa entre outras jóias.“Águas tintas” pra tingir a alma de qualquer um de alegria, quem for a terrinha, não pode perder a oportunidade de se largar alguns dias na Casa da levada – meia hora de teco teco de Lisboa a Vila Real – e beber os vinhos da lavradores, que estão bem distribuídos, do Corte inglês aos melhores restaurantes e tascas do país.
Antes de Sair do Castelo de Mateus, ainda fomos convidados a beber o mosto do Reisiling – diretamente da cuba pro copo - que será engarrafado ano que vem, uma loucuuuuuraaaaa, aguardem!!!








A noite ainda fomos comemorar o aniversário do simpático novo amigo Zé Carlos – proprietário do Chaxoila, uma adorável tasca Trasmontana, com um belo teto de parreiras bicolores localizada na entrada de Vila Real , onde fizemos um sarau particular pra Zé Carlos, tendo como combustível os pratos deliciosos de sua cozinha e outros preciosos vinhos do Douro, como o tinto “Pinta” - oferecido pelo aniversariante - e outros rótulos da Lavradores de Feitoria que ainda não havíamos provado .
A seguir cenas do próximos capítulos! Vem ai Niepoort!

p.s não é todo dia
que se almoça ao lado 
de Carlos Saura!:)