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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Douro parte I - Casa da levada / Lavradores de feitoria










É importante amar o douro, tão importante quanto navegar...

Talvez o rio Tejo seja a fonte onde os poetas de língua portuguesa mais beberam, mas devo confessar que o maior índice de beleza por metro cúbico do planeta é sem dúvida o Douro. Uma criança que nasce na Espanha e vira gente grande em Portugal. Depois de conhecer o Douro ,”fica ruim” pra Bordeaux ,Borgogne, Toscana, Rioja, Mendoza etc. O impacto de conhecer o Douro, só se compara ao de ver Roma antiga pela primeira vez, um sítio que faz pedra amolecer e Pedros e Marias se embebedarem de paixão e vinho .
As canções moram dentro daquele rio, aos pés daqueles montes, a espera que alguém tenha a sorte de pesca-las .

Socalcos de pedras construídos ao final do séculos XIX por galegos, amparam suas encostas largas – habitat das mais nobres castas da terra - produzindo vinhos sui generis. Do porto aos tintos, o Douro é imbatível, apaixonante, irresistível! A beleza de Trás – os – Montes , só mesmo os olhos podem guardar , o vinho pode ser simples e complexo, leve e encorpado, raso ou profundo, fruto de seus micro climas e solos de xistos e granitos, subdivididos entre Baixo corgo, Cima corgo e Douro superior .
O Douro é único, como é o pandeirista nascido no morro da Mangueira, a voz e a mão direita de João Gilberto, a bola do Rei Pelé ou a caneta de Vinícius, José Régio e Fernando Pessoa .

Setembro passado, fomos convidados pelos amigos Ivan Dias e Manuel Vaz, a fazer o show de encerramento do Douro Film Harvest – o pitoresco festival de cinema realizado na época das vindimas entre Vila real, Sabrosa, Pinhão e Régua . Dividimos o palco com duas das mais importantes almas da música portuguesa : o patrimônio mundial do fado: Carlos do Carmo e a grande revelação do fado contemporâneo, a encantadora: Cuca Roseta, e ainda tivemos o prazer da companhia dos não menos talentosos: Ricardo Cruz – querido amigo, contrabaixista e produtor musical do talentoso alentejano de Beja, Antonio Zambujo – o virtuoso e divertido guitarrista Mario Pacheco – Guitarra portuguesa e proprietário do clube do fado de Alfama e a viola afinada e sutíl de Pedro pinhal .

Cantar aos pés do Douro, foi das experiências mais gratificantes da vida, ao lado de LM, cantar pela primeira vez ao vivo “Douro” - parceria com Marcio Faraco – foi mesmo “divinal” - como dizem os portugueses.


Depois do show fomos convidados pelo amigo Ricardo Cruz e sua queridíssima esposa Inês Albuquerque, a passar alguns dias na Casa da levada 


http://www.casadalevada.com/ – a quinta onde vivem parte do ano em Vila Real, que é aberta ao público através de confortáveis instalações com o propósito de explorar o turismo rural. Como só teríamos que ir pra Lisboa alguns dias mais tarde, aceitamos o convite e a partir daí entramos por debaixo da derme do Douro, das piscinas de granito do parque do Alvão, ao palácio de Mateus, passando pela charmosa tasca Chaxoila, até as visitas a todas as quintas e seus lagares , justamente aonde começa a morar o perigo bom! 
Quando chegamos a Casa da levada , fiz apenas uma pergunta : é problema pra vocês se eu morar aqui pra sempre ? :) uma quinta com várias casinhas do início do século e um casarão principal, o rio corgo – um riacho que hidrata os olhos e renova as lágrimas, corre por toda a quinta, parece que tudo foi cuidadosamente colocado com a ponta dos dedos pelo artista que criou esse belo cenário. Das belas árvores no caminho de entrada as delirantes camélias e eras que sobem as paredes da casa de chá, até a mesa do pequeno almoço no pátio do casarão. Como não falar dos olhos carinhosos e atentos de "Café" – um amável“tinto Cão” leão da rodésia – a Casa da Levada , tem definitivamente o meu ritmo, e sempre que for convidado, é pra lá que eu vou!





Na manhã seguinte, Inês e Ricardo nos levaram pra conhecer a Casa de Mateus http://www.casademateus.com – um castelo daqueles de historia de contos de fada ou de cantos de fado, com aqueles jardins que parecem ter sido feitos por cabeleireiros parisienses. Onde Inês viveu até os 19 anos de idade, isso mesmo, estávamos com a princesa do castelo!!! onde também fica parte da produção dos vinhos da família Albuquerque, que no ano 2000 fundaram a Lavradores de feitoria – uma cooperativa que reúne grandes produtores de vinhos da Região – a qual tivemos o prazer de conhecer junto a suas estrelas: Meruge,Quinta da mata de baixo,Grande escolha,3Bagos,Douro,Quinta da costa entre outras jóias.“Águas tintas” pra tingir a alma de qualquer um de alegria, quem for a terrinha, não pode perder a oportunidade de se largar alguns dias na Casa da levada – meia hora de teco teco de Lisboa a Vila Real – e beber os vinhos da lavradores, que estão bem distribuídos, do Corte inglês aos melhores restaurantes e tascas do país.
Antes de Sair do Castelo de Mateus, ainda fomos convidados a beber o mosto do Reisiling – diretamente da cuba pro copo - que será engarrafado ano que vem, uma loucuuuuuraaaaa, aguardem!!!








A noite ainda fomos comemorar o aniversário do simpático novo amigo Zé Carlos – proprietário do Chaxoila, uma adorável tasca Trasmontana, com um belo teto de parreiras bicolores localizada na entrada de Vila Real , onde fizemos um sarau particular pra Zé Carlos, tendo como combustível os pratos deliciosos de sua cozinha e outros preciosos vinhos do Douro, como o tinto “Pinta” - oferecido pelo aniversariante - e outros rótulos da Lavradores de Feitoria que ainda não havíamos provado .
A seguir cenas do próximos capítulos! Vem ai Niepoort!

p.s não é todo dia
que se almoça ao lado 
de Carlos Saura!:)



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