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domingo, 17 de outubro de 2010

Niepoort - O Ouro Tinto!


Na nossa segunda noite em Vila Real no Douro, Inês avisa: "Hoje vamos jantar na casa do Dirk!" ...eu pergunto: "Dirk da Niepoort?"
 Ela naturalmente responde que sim, e eu começo a ficar nervoso, pois era como estar saindo dos meus livros preferidos e dar de cara com os personagens!
NIEPOORT, é um dos maiores produtores de Porto de Portugal e  Dirk, o responsável pelos vinhos mais interessantes e pontuados de Portugal da última década. Um português com sotaque “tripeiro” (do Porto) e cara de holandês, com cabelos em cachos rosé e um daqueles sorrisos de garoto que ganhou a primeira bicicleta. Uma simpatia só! 
Sentamos numa mesa de madeira na varanda da casa, com vista pra um vale de videiras iluminadas por luz de lua. De repente começa a “malcriação de Dirk”: “ Luis? - Chama o amigo enólogo da NIEPOORT sentado a cabeceira da mesa – ainda temos o Charme 2002?" 
"Acho que sim", responde Luís, e logo chega a criança na mesa. Dirk abre a ampola com as mãos abaixo da mesa e despeja o ouro tinto líquido em um decanter. Enquanto esperávamos uns minutinhos, chega o Giro Sol – o verde “Alvarinho “ da casa, bem bom! - e o Projecto Pinot Noir 2003 - gostosinho mesmo - ambos impecáveis para um abre-alas. Depois serve o Charme 2002 e...boommm!!!!! Um vinho "pra se mastigar" – termo que ouvi de um taxista alfacinha – uma loucura que faria qualquer inglesa ter samba no pé, o Serra ter cabelos e carisma e o Carlinhos Itaberá (medíocre lateral do Fluminense dos anos 80) ter virado um craque. No meio do caminho ainda teve uma reserva especial de vinhas velhas, com um vinho chamado Dirk, que não chegou a ser comercializado - bebemos uma das 800 garrafas produzidas.
Depois, com o mesmo ritual, chega a boca o Redoma 2001 – outro absurdo.
Parecia  que estávamos sentados numa fazendo no interior de Minas Gerais, éramos 8 à mesa, além de nós (LM e eu), Ricardo e Inês, Dirk, Luís, um escritor australiano e um enólogo espanhol – os dois, assim como eu, se beliscando pra fazer acreditar que aquilo era real!
Lá pelas tantas, Dirk me pergunta: "Queres beber o quê?" Respondo: "Não me faça essa pergunta! Pra perguntas indecentes não tenho resposta!" 
"Ok, então vais à adega e escolha o que quiser!" Logo depois se corrige: "Humm...tenho 2 garrafas de Romanée Conti, melhor não!", sugerindo com um leve sorriso.
Na sequência, faz um sinal pro Luis. Pensei, "deve vir o Batuta" – outro craque da Niepoort – mas nem imaginava que a surpresa seria ainda mais interessante: fechando com chave de ouro, nos oferece um Niepoort Porto colheita 1959, mas antes, carinhosamente separa um cálice para oferecer a alguns estagiários que, àquela hora da noite, ainda trabalhavam na vindima.
Ao final da noite, quase uma da matina, um convite para uma visita aos lagares, que acabavam de receber as uvas da vindima. Depois das últimas provas do Porto Vintage 2008 e 2009 - ainda nas pipas - a noite acabava rubra de felicidade.





Fermentação nos lagares: um belo mapa mundi !


Pelos interiores da Niepoort!


Uma pipa de "Charme" , na mesma quinta onde é produzido o Porto da Niepoort .

3 comentários:

Alain Gouste disse...

coisa muito séria esse papo aí...E esse Porto Colheita 59 ? Caboclo, ô vida dura..:))
precisamos fazer uma viagem "ensemble" a Portugal.
saudações AlainGousteanas

praquemnaotemnarizempe disse...

AG,
O Dirk é figuraça! Vamos ao Douro "write some songs" no lugar de Araras?

Yan Braz disse...

esse eu passo sempre ! tá escrevendo muito bem, super agradável de ler ... diría que se o dirk está para agricultor de uvas você está para um camponês da escrita, direto humilde e consciente do que faz.

sucesso meu amigo!

forte abraço